Publicado em: 24/12/2021 - Autor: Roselene Borges Kopak

“Que o Natal seja um encontro de almas, de presença e não somente de presentes”.

Era uma vez um menino que amava a natureza. Ele usava e abusava da gentileza e da cordialidade com todos que encontrava pelo caminho por onde andava. Falava com os animais, ajudava nos afazeres de casa, ajudava os colegas na escola, quando estavam com dificuldades, e, sua marca registrada “um menino espiritualizado”. Assim era chamado por todos que o conheciam.

Um dia, ao retornar da escola, ele foi ter com sua mãe. Queria contar a ela algo que aconteceu entre o trajeto de sua casa até a escola...

Mamãe - minha querida mamãe: hoje no trajeto para escola encontrei uma senhora que esperava para atravessar a rua, ao aproximar-me dela, senti um peso que mais parecia um fardo muito pesado. Olhei atentamente para os olhos tristes daquela senhora, e percebi que suas sobrancelhas estavam caídas e reforçavam a aparência de que ela estava cansada. Tomei coragem e perguntei se ela precisava de ajuda. Ela me olhou com um sorriso, mas um sorriso muito triste. Percebi que ela não estava bem, e, novamente perguntei se ela precisava de ajuda. Naquele momento, ela pegou minhas mãos e agradeceu dizendo: não se preocupe garotinho, está tudo bem!

Mas eu sabia que não estava, porque suas mãos estavam trêmulas e frias. Ela então percebeu minha preocupação e me disse baixinho:

“Estou com medo, na verdade, com muito medo”.

Eu lhe perguntei: medo do quê?

Ela abaixou os olhos e com muita tristeza me disse:

Minhas pernas já não me obedecem como antes. Tenho medo de quando o sinaleiro abrir, eu não conseguir terminar o trajeto e sofrer um acidente.

Naquele momento, lembrei-me de quando a senhora me conduzia até a escola e, no trajeto, calmamente me mostrava os perigos que eu poderia encontrar. A senhora carinhosamente me ensinou a fazer a leitura no sinaleiro entre as cores verde, amarelo e vermelho, e me dizia para nunca atravessar a rua nos sinais amarelo e vermelho, pois somente estaria seguro no sinal verde. Ainda me alertou que eu deveria olhar sempre para os lados e certificar-me de que não estava vindo nenhum carro em minha direção.

Naquele momento, algo falou mais alto dentro de mim dizendo:

Ajude-a a atravessar a rua.

Lembrei-me dos seus ensinamentos quando me dizia:

Quando encontrar alguém em dificuldades sempre pergunte se pode ajudar? Lembre-se de que toda atitude sincera e provinda de um coração bondoso sempre é aceita. Mas, primeiro, coloque-se à disposição do outro e ouça o coração daquele que está em dificuldades e necessita de ajuda.

Então mamãe, minha querida mamãe, naquele momento, eu falei para aquela senhora:

Eu também sinto medo quando estou em frente a um sinaleiro. Ela olhou-me e sorriu. Mas, desta vez, era um sorriso de Alma, de alegria e entendi aquele gesto como um SIM.

Ela abaixou a cabeça e percebi que grossas lágrimas caiam de seus olhos. Ela percebeu minha aflição e simplesmente me disse: são lágrimas de felicidade, lágrimas curadoras.

Peguei em sua mãozinha trêmula e fria, e quando o sinaleiro abriu, com ela atravessei toda a rua até o outro lado. Naquele momento, seu rosto se iluminou com imenso sorriso que até eu, mamãe, “sorri não sei por que”.

Ela me olhou com gratidão, me abraçou com afeto, e me deixou corado de emoção com um beijo que me deu na testa, dizendo: “Agora sigo meu caminho mais segura, pois tenho certeza de que Deus sempre coloca Anjos para nos ajudar em nossos caminhos”.

Juro mamãe que olhei para todos os lados e “Anjo nenhum vi”, mas como a senhora me ensinou, devemos sempre respeitar os mais velhos, pois deles vem a sabedoria, então acreditei.

Mas lhe pergunto mamãe: onde estavam aqueles ‘Anjos que eu não os vi’?

A mãe do garoto olhou para seu rosto meigo e sorrindo lhe abraçou. Na linguagem universal, telepática, codificada, ela pensou ...

Como é bom fazer o bem sem olhar a quem, e ainda ter a inocência permeando a vida. Assim era seu pequeno que ainda em tenra idade agia pelo sentimento do “Amor Puro e Verdadeiro”.

Estamos vivendo e convivendo com Anjos aqui na Terra, porém, suas presenças passam despercebidas porque esperamos vê-los com asas...

A inocência dos pequenos são ensinamentos que, na maioria das vezes, passam despercebidos pelos adultos. Eles falam com os olhos, se comunicam telepaticamente, pois a linguagem falada não se faz necessária quando os olhos encontram outros olhos que estão presentes naquela conexão. "O amor se faz sentido e não ouvido". O amor é conexão, é presença, é acolhimento, é terapia...

Façamos uso neste Natal do Amorterapia.

Que o menino Jesus possa adentrar aos lares e sentir-se o verdadeiro aniversariante. 

Que possamos ser mais humanos, que a fraternidade possa fazer parte desta festa tão importante.

Que Jesus possa renascer em nossos corações, e que possamos trabalhar em nós o renascimento.

Que o amor renasça e preencha todos os espaços do nosso coração.

Que assim seja!!!

 

Roselene Borges Kopak

Consultora Familiar e autora da obra

A educação pelo Amor e para o amor


Um natal de presença